Eusébio

Eusébio, O Pantera Negra: A Lenda do Futebol Português

Eusébio da Silva Ferreira, também conhecido como ‘O Pantera Negra’, nasceu a 25 de janeiro de 1942, em Maputo, Moçambique. Cresceu a jogar futebol nas ruas, com poucos recursos, mas uma paixão que o tornaria um dos maiores jogadores de sempre. A sua vida e carreira são um exemplo de determinação, talento e humildade. Vamos explorar o percurso que levou Eusébio a conquistar o mundo do futebol, e como o seu legado continua a influenciar o desporto hoje.

Infância e Primeiros Passos no Futebol

Eusébio nasceu numa família modesta e enfrentou uma infância difícil, típica da realidade da época em Moçambique. Desde cedo, mostrou uma aptidão natural para o futebol, jogando descalço com amigos nas ruas e campos improvisados. Mesmo com condições adversas, o seu talento destacava-se e o futebol tornou-se a sua paixão.

No ‘Os Brasileiros’, Eusébio jogava descalço, sem estrutura profissional.. Mesmo assim, o seu talento não passava despercebido. Aos 15 anos, tentou ingressar no Grupo Desportivo de Lourenço Marques, um clube afiliado ao SL Benfica. No entanto, seria no Sporting Clube de Lourenço Marques, filial do Sporting CP, que começou a dar nas vistas.

Neste período, Eusébio conquistou os títulos do Campeonato Provincial e Distrital de Lourenço Marques. Apesar de estar num clube menor, a sua capacidade técnica fez dele uma estrela em ascensão. Ao longo das duas épocas em Moçambique, os seus feitos começaram a chamar a atenção de clubes em Portugal.

A Disputa pelo Pantera Negra

A transferência de Eusébio para Portugal está envolta em lendas e controvérsias. Tanto o SL Benfica como o Sporting CP estavam interessados no jovem avançado. A sua ligação ao Sporting Clube de Lourenço Marques fazia pensar que Eusébio acabaria em Alvalade. O Sporting queria contratá-lo como júnior, sem pagar uma quantia significativa ao clube moçambicano.

Já o SL Benfica, avisado por Béla Guttmann e José Carlos Bauer, reconheceu o potencial do jogador. O Benfica fez uma oferta de 350.000 escudos pelo passe de Eusébio, um valor significativo na época. Para evitar que o Sporting ‘raptasse’ o jogador, o Benfica mandou Eusébio para Lagos, Algarve, onde seria registado com segurança. Nesse período, Eusébio foi mantido em segredo, sob o nome de código ‘Ruth Malosso’.

A Chegada de Eusébio ao SL Benfica

Eusébio foi oficialmente registado pelo Benfica em maio de 1961 e impressionou logo na estreia. Num jogo amigável contra o Atlético, o Pantera Negra marcou um hat-trick, mostrando desde o início que estava destinado a fazer história no clube. A estreia oficial foi mais difícil, pois o Benfica estava exausto após a final da Taça dos Campeões Europeus.” Mesmo assim, Eusébio marcou um golo e falhou uma grande penalidade contra o Vitória de Setúbal. O Benfica acabaria por ser eliminado da Taça de Portugal, mas uma nova era estava prestes a começar.

A temporada de 1961-62 foi a confirmação do enorme potencial de Eusébio. Embora o Benfica não tenha vencido o campeonato nacional, o avançado marcou 12 golos em 17 jogos e foi fundamental na reconquista da Taça dos Campeões Europeus, ao marcar dois golos na final contra o Real Madrid. Esta vitória catapultou Eusébio para o estrelato mundial, e ele viria a terminar em segundo lugar na corrida pela Bola de Ouro em 1962.

Os Anos de Glória no Benfica

Nos anos seguintes, Eusébio tornou-se a principal figura do SL Benfica. Entre 1961 e 1973, o Pantera Negra ajudou o clube a conquistar 11 títulos de campeão nacional e inúmeras outras taças. Em 1965, foi premiado com a Bola de Ouro, o troféu dado ao melhor jogador da Europa, tornando-se o primeiro jogador africano a conquistar tal distinção.

A nível europeu, Eusébio levou o Benfica a mais três finais da Taça dos Campeões Europeus (1963, 1965 e 1968), embora o clube tenha saído derrotado em todas elas. Em 1968, na final contra o Manchester United, Eusébio teve a oportunidade de garantir a vitória para o Benfica, mas o guarda-redes inglês, Alex Stepney, defendeu o seu remate. Ainda assim, a influência de Eusébio no futebol mundial continuou a crescer, e ele foi o primeiro vencedor da Bota de Ouro, galardão que voltou a conquistar em 1973.

O Pantera Negra e o Sucesso Internacional pela Seleção Nacional

Eusébio estreou-se pela Seleção Nacional em 1961, e rapidamente se tornou numa das maiores estrelas do futebol português. A participação mais memorável foi no Mundial de 1966, onde liderou Portugal ao terceiro lugar, a melhor posição até ao Euro 2016.

Eusébio foi decisivo, marcando nove golos no torneio e vencendo a Bota de Ouro. O jogo mais emblemático foi o dos quartos de final, contra a Coreia do Norte, onde Portugal perdia por 3-0, mas Eusébio marcou quatro golos e ajudou a equipa a virar o resultado para 5-3.

Nas meias-finais, Portugal enfrentou a anfitriã Inglaterra. Apesar da marcação apertada sobre Eusébio, ele ainda conseguiu marcar um golo, mas Portugal acabou por ser derrotado por 2-1. O “Jogo das Lágrimas” ficou assim conhecido devido às lágrimas de Eusébio ao fim do jogo, demonstrando o quão perto esteve de alcançar a final.

O Fim da Carreira e o Legado

Eusébio deixou o Benfica em 1975, mas continuou a jogar futebol em várias ligas internacionais. Passou pelos EUA, México e Canadá, antes de terminar a sua carreira no New Jersey Americans, em 1979. Ao longo da sua carreira, Eusébio marcou um total de 733 golos em 745 jogos, consolidando o seu estatuto como um dos maiores goleadores de sempre.

Após a reforma, Eusébio manteve-se envolvido no futebol, atuando como embaixador do Benfica e da seleção. A sua humildade, carisma e dedicação ao desporto fizeram dele uma figura querida em todo o mundo, especialmente em Portugal.

A Morte de Eusébio: A Homenagem no Panteão Nacional

Eusébio faleceu a 5 de janeiro de 2014, aos 71 anos. O país inteiro entrou em luto, e as homenagens ao “Pantera Negra” multiplicaram-se. Uma das imagens mais marcantes foi a sua volta de honra no Estádio da Luz, onde milhares de adeptos se despediram do seu ídolo. Em 2015, Eusébio foi trasladado para o Panteão Nacional, um reconhecimento máximo em Portugal reservado a figuras de grande relevância histórica.

Conclusão

Eusébio da Silva Ferreira, “O Pantera Negra”, não foi apenas um jogador excecional; ele foi um símbolo de perseverança, humildade e talento. A sua influência transcendeu o futebol, tornando-se numa lenda viva que inspirou e continuará a inspirar gerações de atletas e fãs. Com um legado imortal, Eusébio permanecerá sempre nos corações dos portugueses e amantes do futebol em todo o mundo.

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